Iúri Leitão: “nunca me esqueço de levar comigo a determinação e a vontade”

Iúri Leitão, júnior de primeiro ano da equipa Bairrada, esteve à conversa com Inês Calvo. Fica a conhecer um pouco melhor a história do atleta de Viana do Castelo.

  1. Quando começou este “vicio” do ciclismo?

-“Eu iniciei-me no ciclismo desde muito cedo, com seis anos já era federado e tudo. Começou por intermédio do Vítor Pedreira. Naquela altura era ele quem acompanhava as escolas da Tensai-Santa Marta e como é amigo da nossa família acompanhou parte da minha infância e na altura em que eu tinha idade para poder entrar para o ciclismo ele foi, literalmente, “buscar-me a casa” para eu fazer o meu primeiro treino. A partir daí acompanhou-me até ao final da minha segunda época de juvenil.”

  1. Em que clube começas-te e que recordações trazes desses tempos?

-“Desde o princípio até ao final do ano passado (2014) eu fazia parte da Tensai-Santa Marta, aí aprendi muito, desde as coisas mais básicas até às mais complexas, desde sempre que me lembro de ser ciclista, portanto toda a minha vida andou em volta do ciclismo, e claro da Tensai. Penso que os episódios que mais nos marcam a todos quando somos mais pequeninos são os treinos em que apanhamos chuva e frio e há vários que não vou esquecer certamente. Além disso, os momentos de glória também ficam muito presente na nossa memória, como é o caso da final da taça de Portugal de cadetes em 2014. Foram tempos muito bons que lá vivi.”

  1. Quem é o teu ídolo?

-“Eu tenho vários ciclistas que destaco como minhas referências pelas suas qualidades enquanto ciclistas, mas dentro de todos, o que mais se destaca é, sem dúvida, o Alberto Contador. Penso que além de todo o seu potencial que toda a gente lhe reconhece, eu vejo-o como uma pessoa com uma grande personalidade, tanto como atleta e como pessoa e é isso que eu mais admiro nele.”

  1. Se um dia tivesses com o Alberto Contador que lhe dizias e que perguntas lhe fazias?

-“É sempre difícil responder a esta pergunta porque se um dia tivesse oportunidade de o conhecer fazia-lhe muitas perguntas, mas certamente lhe perguntaria em primeiro lugar como foi esta sua longa carreira de ciclista e onde consegue ir buscar tanta motivação e coragem que nos demonstra em todas as competições em que participa.”

  1. Onde vais buscar essa força e garra que mostras nas provas?

-“Nós, ciclistas todos os dias trabalhamos para alcançar os nossos objetivos, fazemos sacrifícios, privamo-nos de muita coisa, e tudo isso porque fazemos aquilo que gostamos. Para qualquer ciclista ver o seu trabalho recompensado numa prova ou conseguindo alcançar os seus objetivos é muito gratificante e a vontade, a determinação e toda a motivação que nos move é, sem dúvida, ver os nossos objetivos cumpridos. Como é claro nunca nos podemos esquecer de todas as pessoas que sempre nos apoiam, desde a nossa equipa, aos nossos familiares e as pessoas que sempre estão lá para nos apoiar; em qualquer situação eles são fundamentais.”

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  1. Nesta época estas a correr pela equipa da Bairrada. Na região o Leitão é o prato típico. Gostas quando brincam contigo e te chamam “Leitão da Bairrada” ?

-“Em 2015 surgiu a oportunidade de representar o Clube de Ciclismo da Bairrada, e é caricato o facto de o “Leitão” ser tão conhecido naquela zona, por isso foi algo engraçado o facto de haver essa coincidência… ahahahahah. Acho que é normal haver brincadeiras e não levo a mal, pelo contrário, também eu me rio ahahahah.”

  1. Tens algum amuleto que leves sempre contigo para as provas?

-“Se considerares um amuleto um objeto, então não; mas para todas as provas trago comigo o apoio de todas as pessoas que estão do meu lado e antes de sair de casa nunca me esqueço de levar comigo a determinação e a vontade.”

  1. Que momento na tua carreira gostavas de voltar a viver?

-“Há vários dias que me marcaram pela positiva, mas penso que o dia da final da taça de Portugal de cadetes em 2014, foi um dos pontos mais altos que já vivi.”

  1. E porque foi o momento mais alto que já vives-te?

-“Para mim a final da taça de Portugal de 2014 foi um momento muito especial porque foi nesse dia que eu consegui demonstrar a mim mesmo que estava à altura de todos os meus adversários e, claro, isso motivou-me muito.”

  1. Certamente, já tiveste muitas quedas. Existe alguma que nunca te esqueças, ou que sempre que te lembres dela te “dê vontade de rir”, por tão estranha que tenha sido? -“É claro, no ciclismo as quedas são o “prato do dia” e já todos tivemos episódios desses. Para mim as quedas são algo a que eu tenho muito respeito e por isso não me consigo rir de nenhuma, mas há aquelas que nos vão marcar para sempre e no meu caso há duas quedas que deixaram muitas marcas, tanto em mim como no vestuário e no resto do material (bicicleta, rodas, sapatos…) Uma delas foi na Volta a Portugal de Cadetes em 2013 e a outra foi no Troféu Alves Barbosa também em 2013. Na Volta a Portugal em 2013, durante a partida simbólica, pisei uma tampa de saneamento que estava a uns bons centímetros de profundidade e como ia no meio do pelotão não me apercebi que ela ali estava e isso fez com que o meu guiador virasse e eu tivesse de aguentar com meio pelotão em cima, o que não foi agradável. No Troféu Alves Barbosa ia-mos a rodar a alta velocidade e houve um ciclista que se distraiu e teve de travar a fundo o que originou uma travagem conjunta, o ciclista que seguia á minha frente esquivou-se para a direita, levando com ele a minha roda da frente, o que resultou numa má experiencia. Em ambas os casos guardei as luvas que usava no dia como “recordação” dessas quedas e do estado das minhas mãos.
  1. Este foi o primeiro ano que corres-te em pista. Estavas à espera de alcançar os resultados que obtiveste-te?

-“Desde sempre que gosto de pista e sempre quis experimentar. Esta época surgiu a oportunidade e gostei bastante da experiência. Quanto aos resultados, até foram positivos, mas eu ambiciono mais para o futuro.”

  1. Esta época tiveste uma lesão que te afastou das provas durante um tempo. A recuperação e a iniciação das provas novamente têm sido difíceis? Estavas à espera que fosse pior ou superou o que esperavas?

-“Sim, associado à operação surgiram mais problemas que me impossibilitaram de regressar mais cedo e mais forte. Ainda assim, penso que o balanço tem sido positivo e a partir daqui o único objetivo é melhorar todos os dias.”

  1. Recentemente vences-te a 5ª prova da taça de Portugal de Juniores. Para quem voltou à pouco tempo de uma lesão deve ser muito importante, não?

-“Sim a 5ª prova da taça de Portugal de juniores foi algo que eu este ano nem sonhava por ser tão improvável… Quando me lesionei estive quase três meses sem pegar na bicicleta e esse tempo foi muito difícil para mim, não só pela recuperação, mas também por não poder fazer o que mais gosto. No dia em que comecei a minha recuperação o meu único foco era poder regressar o mais rápido possível e quando finalmente estava apto para competir dediquei-me ao ciclismo como nunca de maneira a poder ainda este ano ajudar a minha equipa no que pudesse, e vencer a 5ª prova da taça de Portugal é como ver todo o esforço e dedicação recompensados numa prova.”

  1. Qual é o sonho que gostavas de ver realizado na tua carreira de ciclista?

-“Penso que, a par de todos os ciclistas, o meu sonho era um dia poder representar uma equipa internacional numa das três grandes voltas.”

  1. Por fim, qual o conselho que das a um aspirante a ciclista?

-“Bom, antes de mais, qualquer aspirante deve ter a noção que o ciclismo não é um desporto para qualquer um, mas é um desporto que só com muita dedicação e sacrifício se consegue alcançar bons resultados, portanto é essencial, acima de tudo, gostar e estar disposto a sacrificar-se muito pelo ciclismo para um dia poder vir a ser um grande ciclista.”

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