Fátima Vida: “Eu gosto mais da adrenalina no mato, dos saltos e das descidas”
Fátima Cristina Marques Pinho Vida, elite da equipa de ciclismo Maiatos/Reabnorte, é a segunda entrevistada de Inês Calvo para a Roda na Frente.
- Como começou no ciclismo?
– “A competição comecei há 4 anos… Mas para ser sincera andar de bicicleta comecei quando conheci o namorado! Comprei a minha primeira bicicleta há 9 anos mas só para passear de vez em quando e foi uma EMT (marca branca). Não sabia o que era o “BTT” quando ele me abordou com estas siglas… (risos)… Mas ao longo do tempo comecei a gostar da modalidade e a perceber mais do assunto. Até que uma equipa da minha zona convidou-me e aceitei o desafio de fazer provas amadoras. E nem sequer treinava nem tinha treinador. Para mim era andar andar andar. Em 2010 é que comecei a conhecer o mundo da competição e o bichinho ficou cá. Apesar que sei que ainda hoje tenho muito para aprender.”
- Quais as vertentes do ciclismo que já experimentou?
– “Quase todas as vertentes hehehe. XCO , enduro , estrada, BMX , XCM.”
- Qual é a vertente que prefere e porque?
– “As que pratico no momento são XCO e Enduro. Estas são as minhas preferidas sem dúvida. Competições (vertentes) diferentes mas que na verdade tanto uma ou outra ajuda no meu crescimento como atleta. O Enduro ajuda-me a ganhar técnica para o XCO e o XCO ajuda-me a ganhar resistência.”
- Quais as diferenças que sentiu ao correr em estrada? Pois é completamente diferente de XCO.
– “As diferenças são imensas… Enquanto no XCO trabalhamos individualmente. No ciclismo de estrada trabalha-se em equipa e há um conjunto de regras diferentes. Na verdade eu prefiro andar no meio da lama hihihih. Normalmente a minha treinadora Maris Meier, dá-me o plano conforme o calendário de provas… E respeito muito o descanso, hidratação e alimentação. Eu gosto mais da adrenalina no mato, saltos, descidas e subidas! mas em terra…”
- Quais os prémios que já ganhou na sua carreira?
– “Em 2013 fui campeã regional de rampa do AC Porto e vencedora da Taça Regional XCO. No ano 2014 foi uma época de algumas vitórias, sagrei-me campeã regional de XCO e fui vencedora da Taça regional de XCO e XCM. E neste mesmo ano quando comecei a vertente de Enduro fui Vice-Campeã do troféu de Enduro Vodafone.”
- Qual foi o prémio mais marcante?
– “Todos os prémios são marcantes, pois é o fruto do nosso trabalho que é exposto em prova. Na verdade treinamos ao longo do ano e cada prova é uma prova. Mas quando fui campeã regional de XCO fiquei em lágrimas, porque foi uma vitória sofrida até ao cortar a meta!”
- Quais os objetivos que tinha para está época? Sente que os está a cumprir?
– “Os meus objetivos, acima de tudo, são divertir-me e não ter nenhuma lesão grave. Mas sim, tinha e tenho alguns… No Enduro o objetivo era ir ao ponto mais alto, mas infelizmente fiquei pelo 3º lugar no nacional (uma prova em que não me senti nada bem). Mas ainda há uma Taça para vencer. Encontro-me no ranking em 2º lugar e quero vencer. Quanto ao regional de XCO era revalidar os títulos. Infelizmente já não cumpri o de campeã regional de XCO. A ver vamos como termina a taça. Quanto à Taça de Portugal de XCO fiz duas provas e infelizmente não irei mais. Quanto ao Nacional de XCO, com muita pena minha a equipa não me levou, porque só apostou em quem pudesse vir a ser campeão nacional.”
- Onde vai buscar a motivação para correr?
-“Tenho uma estrelinha lá no céu (meu mano)… Mas também a minha sobrinha, namorado e família.”
- Faz do ciclismo carreira profissional ou tem outro trabalho?
-“Impossível em Portugal fazer carreira nesta vertente. Neste momento estou a tirar uma formação e à procura de trabalho.”
- Como se descreve como pessoa, e como atleta?
-“ Sou uma pessoa muito dinâmica e teimosa. Como atleta sou brincalhona e divertida com quem me rodeia. Por vezes acho que sou um bocadinho preguiçosa e aqui tenho de melhorar.”
- Tem algum ritual que faça sempre antes ou depois de uma prova?
-“Tenho um ritual. À sexta-feira costumo fazer o meu treino em direção ao cemitério e agradecer ao meu maninho… Maioritariamente agradeço sempre a ele por me proteger”.
Por fim quer deixar algum conselho aos ciclistas mais jovens ou aqueles que pensam iniciar no ciclismo?
– “ Um conselho: em primeiro lugar a família e os estudos. E claro juntar o útil ao agradável porque faz bem distrair dos estudos, etc… Pedalem e entrem no mundo da competição que é algo saudável e que só nos faz crescer. A todos os praticantes quer sejam eles profissionais ou amadores vamos respeitar as regras de segurança!”